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Israel e a guerra dos seis dias

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No dia 5 de junho de 1967 eclodiu uma guerra que deveria durar apenas seis dias. Essa guerra alterou efetivamente a história do Oriente Médio e agora, após 51 anos, Israel é considerado como ocupante ilegal por grande parte da população mundial.

A Guerra dos Seis Dias, também conhecida como Guerra de 1967 ou a Terceira Guerra Árabe-Israelense, foi o conflito que envolveu Israel, Síria, Egito, Jordânia e Iraque e foi a mais consistente resposta árabe à fundação do Estado de Israel, apesar do estado judeu ter saído como o grande vencedor.

No Talmude Babilônico consta: “Dez medidas de beleza vieram à terra. Jerusalém recebeu nove medidas; o restante do mundo, uma. Dez medidas de sofrimento vieram à terra. Jerusalém recebeu nove medidas”.

Nenhuma cidade, na história mundial, foi alvo de disputas tão amargas como Jerusalém, cujo nome muitas vezes é traduzido por “Cidade da Paz”. O  The New York Times a classificou como sendo “os metros quadrados mais explosivos do mundo”. Nos últimos quatro mil anos houve perto de 120 conflitos em torno de e em Jerusalém. Por duas vezes a cidade foi totalmente destruída, 23 vezes sitiada, outras 52 vezes foi atacada, 44 vezes conquistada e, mesmo assim, foi reconquistada – pela última vez, há 51 anos.

A Bíblia nos ensina que Jerusalém será disputada até o fim dos dias. No livro do profeta Zacarias lemos: “Farei de Jerusalém uma taça que embriague todos os povos ao seu redor, todos os que estarão no cerco contra Judá e Jerusalém. Naquele dia, quando todas as nações da terra estiverem reunidas para atacá-la, farei de Jerusalém uma pedra pesada para todas as nações. Todos os que tentarem levantá-la se machucarão muito” (12.2-3).

Assembléia Geral da ONU em 1967

 

Antecedentes

Em 29 de novembro de 1947 a Assembleia Geral da ONU aprovou a divisão do Mandato Britânico da Palestina. Desde 1918 os ingleses mantiveram a ocupação da região que, nos 400 anos anteriores, era uma sofrida província secundária do Império Otomano (turco). Em 14 de maio de 1948 Ben-Gurion proclamou o Estado de Israel e muitos leitores da Bíblia ficaram atentos, pois em Jeremias 16.14-15 está profetizado que Deus conduziria os judeus “de volta para a sua terra”. De acordo com o decreto de divisão da ONU, de 1947, Jerusalém e Belém deveriam ser administradas pela comunidade internacional na condição de Corpus separatum (do latim: corpo separado). O que aconteceu, no entanto, foi algo bem diferente! Cinco exércitos árabes assaltaram a jovem nação. Jordanianos e israelenses lutaram ferrenhamente pela Cidade Eterna. No entanto, os israelenses perderam o coração do judaísmo para a legião árabe. Os sionistas não conseguiram manter Sião, a área judaica com o monte do Templo e o Muro das Lamentações. Tudo isso caiu nas mãos dos jordanianos.

O coronel Abdullah el-Tell descreveu assim a batalha em suas memórias (Cairo, 1959): “Eu sabia que a área judaica era densamente habitada por judeus […]. Apenas após quatro dias desde nossa entrada em Jerusalém o bairro judeu se tornou o cemitério deles. Estava tudo dominado pela morte e destruição […]. No romper da madrugada do dia 28 de maio de 1948 […] o bairro judeu se tornou uma nuvem escura – uma nuvem de morte e tormento”. Cinquenta anos antes, o bairro judeu ainda contava com 28.000 moradores judeus (para comparar: hoje vivem ali apenas dois mil). Os remanescentes da população judaica (um total de 1.500 pessoas) foram recolhidos e expulsos através da Porta de Sião em direção à área ocidental da cidade. As moradias do bairro judeu foram sistematicamente destruídas pelos jordanianos e tornadas inabitáveis. Foram destruídas ou violadas 38.000 das 69.000 sepulturas do cemitério judaico, no monte das Oliveiras. As lápides foram usadas na pavimentação, entre outros, das vias que conduziam às latrinas. O pior foi a destruição das sinagogas e das escolas religiosas (um total de 58). A ONU e o restante do mundo não se manifestaram, a exemplo do que já haviam feito dez anos antes disso, quando os nazistas, na Noite dos Cristais, em 1938, destruíram as sinagogas na Alemanha.

O comandante jordaniano teria dito aos seus subordinados: “Pela primeira vez em mil anos não permanece um só judeu no bairro judeu. Nenhuma construção judaica permanece intacta. Isso torna impossível o retorno dos judeus para cá”. Os fatos: a Jordânia realizou uma limpeza étnica total. Jerusalém Oriental foi tornada “livre de judeus”! Apenas duas mulheres judias, que eram casadas com árabes, permaneceram após 1948 na área ocupada pelos jordanianos em Jerusalém.

Mesmo que no acordo de cessar-fogo de 1948 havia sido previsto que os judeus poderiam ir ao Muro das Lamentações para orar uma vez por ano, os jordanianos não permitiram isso durante o seu tempo de ocupação.

A fronteira entre jordanianos e israelenses, determinada pelo acordo de cessar-fogo em 1949, foi marcada em um mapa com uma linha verde. Por isso, fala-se muitas vezes na “Fronteira Verde” ou, erradamente, na “Fronteira de 1967” quando se fala sobre quem é dono de qual área. Na verdade, as duas denominações demonstram um desconhecimento histórico largamente difundido. O traçado da divisa após a guerra de 1948-49 é uma linha de cessar-fogo, mas não se trata de uma fronteira (fronteiras são determinadas em negociações)! Na Guerra dos Seis Dias, todavia, não foi estabelecida uma fronteira, mas apenas forçada a marcação de uma linha de cessar-fogo. Naquela época, a área do norte e a ocidental da nova cidade de Jerusalém estavam em mãos de israelenses, enquanto que o segmento sul e oriental (junto com a cidade antiga, o monte do Templo, o Mura das Lamentações, bem como o monte das Oliveiras) eram dominados pelos jordanianos. Um muro de proteção contra os atiradores jordanianos separava as duas áreas. O único ponto em que os diplomatas podiam passar da área jordaniana para a área israelense era o Portão de Mandelbaum. A partir de então a paisagem de Jerusalém incluía obstáculos de arame farpado, campos minados, blocos de concreto e áreas de “terra de ninguém”.

Pouco antes do conflito de 1967, o Egito estava enfraquecido econômica e militarmente. O presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, fervoroso pan-arabista nacionalista, defensor do não-alinhamento e da proeminência do Egito no seio da Liga Árabe, estimulava os outros países a não entrarem em conflito com Israel.

Apesar dos constantes avisos de Nasser, a Síria estava envolvida em um embate com Israel por conta da água. A Síria tinha um plano para obstruir um dos afluentes do Rio Jordão e desviá-lo para irrigar suas plantações. Contudo, o Jordão era de suma importância também para Israel, e o avanço sírio ameaçava não só Israel como outros países árabes.

Aviões Israelenses

 

A Guerra

No dia 5 de junho de 1967 eclodiu uma nova guerra que deveria durar apenas seis dias. Essa guerra alterou efetivamente a história do Oriente Médio. Ainda no início da guerra, Israel esclareceu ao rei Hussein, da Jordânia, que não pretendia atacar o seu país. Quando, apesar disso, a Jordânia abriu fogo na linha de cessar-fogo e bombardeou Jerusalém Ocidental, Israel passou ao contra-ataque. No dia 7 de junho a cidade antiga foi conquistada por uma unidade de paraquedistas. Quando os israelenses entraram na cidade antiga pela Porta do Leão, descobriram que havia uma pequena porta, já no início da Via Dolorosa, a qual permitia o acesso ao monte do Templo. Eles correram passando pelo Domo da Rocha, e então descobriram uma porta que dava passagem para o muro que frequentemente é chamado de Muro das Lamentações. O tentente-general Mordechai “Motta” Gur anunciou: “O monte do Templo está em nossas mãos”.

Os judeus haviam retornado e começaram a reconstruir as sinagogas. No entanto, eles não destruíram as mesquitas, como os árabes haviam feito com as sinagogas.

Em poucos minutos o escasso lugar diante do Muro das Lamentações estava superlotado de soldados. Fazia 19 anos que nenhum judeu podia orar nesse local. Uma das fotos mais conhecidas da Guerra dos Seis dias mostra o general Moshe Dayan e seu chefe do Estado-maior, Yitzhak Rabin (que posteriormente foi primeiro-ministro e assassinado), indo apressadamente para o Qotel – para o muro. Quando a pólvora e a fumaça da guerra ainda não haviam se dissipado totalmente, Teddy Kollek, que foi nomeado prefeito de Jerusalém durante aquela noite, ordenou que todos os veículos para construção fossem levados até o muro. A antiga favela próxima ao muro foi derrubada e foi preparado um amplo lugar para os visitantes judeus. O lugar atual para visitantes é resultado daquela ação noturna e com neblina de Teddy Kollek. Ali se reúnem para orar 80.000 judeus crentes em dias festivos.

Os judeus haviam retornado para o seu bairro. Antes de ser reconstruída, os arqueólogos identificaram a Jerusalém da época de Herodes, o Grande. Eles também reconstruíram as sinagogas. No entanto, os israelenses não destruíram as mesquitas, como os árabes haviam feito com as sinagogas. Um caso conhecido é o da sinagoga de Hurva, da qual ficou visível apenas o grande arco ao lado da mesquita. Somente no ano de 2010 foi possível inaugurar essa sinagoga reconstruída. Houve protestos por parte dos islâmicos através do mundo: “Os judeus estão judaizando a Jerusalém Oriental”. Infelizmente essa acusação é muito ouvida atualmente! No entanto, já há séculos que os judeus são maioria na cidade antiga. Eles voltaram para o que é seu – para Sião. Quem quiser transformar Jerusalém na capital de dois estados estará novamente colocando arame farpado, muro de separação e uma expulsão de judeus. Aqueles que ofendem os judeus residentes na cidade antiga, chamando-os de “imigrantes”, certamente nunca compreenderam a história dramática do povo judeu.

Todavia, nós sabemos: o centro do conflito do Oriente Médio é Jerusalém, pois o islamismo reivindica a posse da Cidade Eterna baseado em um sonho de Maomé, de ter supostamente realizado uma viagem noturna para Jerusalém (ele comprovadamente nunca esteve em Jerusalém, pois ali dominavam os bizantinos). Esse sonho de Maomé tornou-se um pesadelo para todos os moradores que residem ali.

E a batalha pelo monte do Senhor, o monte do Templo, continuará. No Salmo 137 lemos: “Que a minha mão direita definhe, ó Jerusalém, se eu me esquecer de ti!” (v. 5). Por isso, em todo o mundo os judeus falam: “Até o ano que vem, em Jerusalém!”. Assim, há 51 anos isso deixou de ser um sonho. Os judeus retornaram para a Cidade Eterna com o muro e o platô no qual outrora estava o imponente templo judaico.

Consequências

Israel começara a guerra com apenas 20.300 km2 de área sob sua administração, mas depois poucos dias contava com cerca de 102.400 km2, um aumento de cerca de cinco vezes em seu território. As conquistas consolidavam o projeto da Grande Israel que havia sido, outrora, um dos projetos de algumas escolas judaicas.

Mapa antes e depois

 

A Guerra dos Seis Dias deu a Israel o controle das colinas de Golã, o deserto do Sinai, a faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Mais que territórios, Israel conquistou em 1967 problemas que, quatro décadas depois, continuam tão vívidos quanto a memória da guerra entre os que sobreviveram a ela.

Outro resultado da guerra foi a proclamação por parte do Knesset, o parlamento israelita, da anexação da parte árabe de Jerusalém, o que suspendeu todas as recomendações do Conselho de Segurança e Assembleia Geral das Nações Unidas.

O caráter meticuloso, planejamento e a audácia israelita tiveram uma grande repercussão nos inimigos aliados. A cooperação com os norte-americanos finalmente traduzia-se numa impressionante superioridade militar face aos restantes vizinhos, numa região de grande hostilidade.

Apenas no dia 22 de novembro de 1967 as Nações Unidas emitiriam a Resolução 242 que, entre outros pontos, buscava persuadir Israel a abandonar os territórios ocupados, assim como a reconhecer o direito de todas as nações vizinhas à paz e estabilidade como povos livres. Até hoje, a Resolução 242 não foi cumprida em grande parte.

Terras por paz

Por outro lado, a guerra teve o efeito de tolerância (mas nunca aceitação) do Estado de Israel, e levou a uma proposta de paz árabe. De certo modo, a guerra deu a Israel algo para oferecer em troca da paz.

A devolução dos territórios ocupados na guerra dos Seis Dias sempre se mostrou complicada. A península do Sinai foi devolvida ao Egito em 1979, resultado de uma inédita oferta de paz do sucessor de Nasser, Anwar Sadat. Infelizmente, isso selou o destino de Sadat, morto por extremistas islâmicos em 1982. A questão das colinas de Golã, aparentemente, ainda se arrastará por anos, devido à corrente guerra civil na Síria.

Já os territórios de Gaza e Cisjordânia são alvo de complicadíssimos arranjos entre israelenses e representantes da autoridade palestina, que pretendem administrá-los e neles erigir o futuro estado palestino. Para Israel, a manutenção dos territórios representa, sem dúvida, mais uma ameaça do que uma vantagem.

Desdobramentos recentes

Nos últimos anos, o governo israelense tentou retirar-se unilateralmente de Gaza em 2005. Com uma plataforma de decisões unilaterais, o atual partido no poder, o Kadima, foi eleito. Mas essa idéia fracassou no verão de 2006, com a guerra com o Líbano e novos conflitos com os palestinos. Para a população, os territórios que começavam a ser desocupados se mostraram perigosos e povoados por ferrenhos adversários.

Assentamentos

Por outro lado, ainda há significativa presença de fundamentalistas judeus contrários à devolução dos locais de onde Israel já retirou suas forças, como nos antigos assentamentos judaicos em Gaza e, em menor escala, na Cisjordânia. Os ex-colonos formaram até mesmo associações para buscar o retorno aos assentamentos, e a partir delas consegue exercer grande pressão sobre o governo.

A razão principal para os colonos defenderem os assentamentos é que a conquista dos territórios ocupados confirma um direito divino dos judeus de voltarem a seu lar histórico.

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